sexta-feira, 24 de abril de 2009

Sétimo Filho Vivo

Sem coisas pra postar por aqui por enquanto. Então vou colocar o breve histórico de um personagem de RPG que eu gostei bastante. Personagem simples, sem nuances psicológicas, passados secretos, carências de infância, pais assasinados, nem vinganças milanares. É só um guerreiro que quer o que os guerreiros querem: saque, cerveja, mulheres, luta e diversão.
Observação: o cenário é Forgotten Realms, na região dos Antigos Impérios, no "reino" de Chessenta. Os Antigos Impérios são baseados nas antigas civiliazações Mesopotâmicas, Egípcias e, no caso de Chessenta, da Grécia, cheia de cidades-estado independentes. Akanax, cidade natal do personagem em questão, é quase uma Esparta com a frota naval Ateniense.

As pontas das lanças e das espadas eram vermelhas refletidas no sol de outono. Eram cinqüenta homens, usando armaduras de bronze, elmos, grevas e escudos redondos de metal. Cinqüenta guerreiros treinados para a matança, pilhagem e batalha. Eram todos veteranos a serviço de meu pai. Eu tinha quinze anos e havia experimentado o sangue e a batalha pela primeira vez. Brutus, meu irmão mais velho, ria enquanto arrancava a lança da barriga de um homem e veio para a minha direção, empolgado.
- E então, irmãozinho? Você sobreviveu à parede de escudos, apesar de provavelmente ter se mijado todo.
Eu havia feito mais do que sobreviver naquele dia. Havia matado quatro homens e minha espada estava pegajosa com o sangue deles. Não havia sentido um pingo sequer de medo.
- Você está se confundindo, Brutus. O cheiro de urina vem da sua túnica molhada.
Meu tio, Cyro, dizia que os homens de Akanax nasciam com a sede de sangue, a luxúria da matança e ele provavelmente estava certo, porque não conheci sequer um homem livre que não soubesse segurar uma espada ou lutar em um barco. Akanax, cidade de guerreiros. Meu lar. Olhei para os homens de meu pai, que agora pilhavam os depósitos de grãos, matavam gado e pilhavam os corpos dos inimigos. Eram cinqüenta guerreiros endurecidos, mas eram apenas um bando dentre outros milhares. Akanax tinha guerreiros demais e eu era o sétimo filho vivo de Tharso. Meu irmão passou o braço por cima do meu ombro.
- Um dia, irmãozinho, nosso pai não estará mais vivo. E eu vou comandar homens e um navio. Se você deixar de ser um mijão inútil, posso tolerar você no meu bando.
E riu, deliciado. Era o filho mais velho, o herdeiro e eu era seu irmão mais novo. Era dez anos mais velho do que eu e me vira crescer sob a tutela de Häaki, um homem escravo capturado em terras distantes, no norte. Meu irmão me amava, mas tudo o que ele poderia me dar era um lugar entre cinqüenta outros. E eu queria mais. Sempre quis. Ri com ele e fomos em direção a Alexius, um dos guerreiros de meu pai, que havia descoberto um enorme barriu de vinho. Naquele dia, com a espada ainda sangrenta e a cota de malha brilhando ao sol que se punha no céu de outono, me embebedei como nunca. Era jovem, forte e havia matado quatro homens em meu primeiro combate de verdade. Era guerreiro e era vitorioso.
Fui criado para ser forte, invencível, disciplinado. Um soldado. Era o destino de todos os filhos de Akanax. Por dois anos guardei a minha parte do saque de todas as incursões que fizemos. Ainda ficava no final da parede de escudos e, à bordo do navio, era remador. Não tinha idade nem experiência para me comparar aos mais bem treinados do bando de meu pai. Ainda assim, guardei tudo o que pude. Häaki, que não tinha um dos braços, havia enchido minha cabeça de histórias de seus tempos de aventureiro.
- Um homem com uma espada e amigos fieis pode fazer a fama alcançar ainda mais alto do que a dos reis, garoto. E há riqueza nesse mundo, se você estiver disposto a lutar por ela, se arriscar e encarar a morte. Agora lembre-se de que a força da espada está no giro do pulso e não nos braços, portanto repita o exercício mais uma vez.
Fama e riqueza. Ouro de dois anos guardado em um baú escondido em meus aposentos. Akanax já tinha guerreiros o suficiente e meu irmão, Brutus, herdaria a casa, o barco e os guerreiros de meu pai. Mesmo que morresse, Aurus, o segundo, era o próximo na linha de sucessão. Sétimo filho vivo é muito distante da herança. No final de um inverno, comprei meu próprio equipamento de guerra, provisões, e fui embora da casa de meu pai. Um guerreiro em Akanax era apenas um entre milhares. Mas um soldado da fortuna poderia fazer a própria sorte enquanto viajasse por terras estrangeiras mergulhadas no caos. O primeiro filho herda as propriedades do pai, mas o sétimo é senhor do próprio destino, livre para conquistar fama e riquezas além da expectativa de qualquer homem. Então eu seria rico como um rei e temido como um dragão.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Que diabo!

Tá certo. Criei cá um Blog. Teve o post inaugural, xinguei uma vez e fiquei na dúvida. Daí postei umas linhas antigas. Acho que agradou alguém. Mas eu volto aqui e penso comigo: que diabo! Que que eu vou fazer com um blog? Não sei o que colocar aqui. Não sei se escrevo umas coisas diretamente pra cá, se desabafo, se xingo o mundo, escrevo sobre política, filosofia, cinema... Pra terminar, não sei fuçar nesse troço de internet e nem tenho muita vontade de aprender.
Não falo que vou deletar isso aqui. Só quero dizer que não sei o que mais postar por aqui. Tenho cá umas coisas, mas fico imaginando se não era pra eu manter uma temática ou se deixo virar a casa da mãe Joana. Nada contra nenhuma das duas coisas, claro. Mas continuo sem saber o que fazer.
Dia desses largo tudo, ponho uma mochila nas costas e ganho a vida com os punhos. Tipo o Ryu, que é um cara foda.




O céu tava bonito até agora há pouco. Cinzento, cheio de nuvens. Bem de frente pra minha janela, se abria como um mural, mostrando o azul e os raios fracos do entardecer vindos do Oeste.
Agora o céu tá lindo. A escuridão da noite começa a avançar, mas as nuvens são mais rápidas, cavalgando no vento. Rápidas e negras. Sinto o cheiro do raio e do trovão. Quando começar a chover, vai ser um espetáculo.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

A espada em punho não é capaz de traduzir o clamor do aço, o chamado pelos deuses. A coragem que cresce no peito, junto com a explosão de felicidade, impelindo o avanço em carga total e o grito selvagem e aterrorizante. E os deuses respondem ao chamado. Ou talvez seja apenas a tolice da juventude fazendo-se ouvir. A sede de sangue, o ódio desmedido que toma conta de todo o ser. E a espada em punho não é capaz de traduzir a vontade de morrer. A glória do herói, que se esconde por trás da covardia da morte. Morrer em glória para não viver em tristeza.