sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Sábado de Chuva


Guarda a chuva pra mais tarde
e fecha o coração.
Agüenta a tempestade
e não sai da rua.

Onde o vento faz a curva,
não perca os sapatos.
Onde o mundo desafunda
não importam os calos.

Guarda a chuva
e molha os problemas mais tarde.
Segura a onda
e espera uma maior chegar.

Deixa o pior
e aproveita o som do trovão:
não é todo dia que o mundo desaba.

Deságua as dores no rio
e desinfeta os maus amores.
Abriga as mágoas no peito
e resolve tudo numa briga de bar.
Gargalha o afeto desfeito
e vomita o exagero no mar.
Desaba uma conta na mesa
e paga com as dívidas do amor.
Deixa a ressaca sair
e curte o domingo de dor.

3 comentários:

  1. não é todo dia que a gente pode se dar ao luxo de ouvir o som das unhas arranhando o concreto

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  2. 'Guarda a chuva
    e molha os problemas mais tarde'
    H.
    lindo!

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  3. Pena que a chuva não veio tão forte quanto deveria. Também fiquei aguardando para guardá-la - ela, que é das coisas do mundo, uma das minhas favoritas.
    Muito bonito poema.
    Beijo!

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