segunda-feira, 25 de junho de 2012

Das Minhas Conversas com Boxeadores Mortos


Primeiro, a cor azul.

Dos calções.
Das luvas.

Depois o som. Azul.

Do metrô.
Da música.

Por último, o espírito.

Morto e atormentado.

Carrego em mim
não a força,
não os punhos.

costas curvas,
olhos turvos,
humor escuro.
Um dia puto.

Repito os rounds:
hematomas perenes.
Ciclo interminável
de fechar feridas,
pra abri-las em seguida.

Beijo a lona,
antes de ti.
Apesar de ti.

Por sua causa.

Aceito a revanche,
se ganhar.
Só pra perder depois
e de novo.

Já entreguei os pontos.

3 comentários:

  1. Ganhar ou perder. O que importa são as marcas de guerra, não?
    (é, talvez não)

    Gosto do que escreve. E também de como escreve.

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  2. Muito bom meu caro. Vez ou outra volto aqui, leio, releio. Deste aqui, especialmente, eu gosto muito.

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