domingo, 16 de junho de 2013

Passagem

Cresce a barriga,
encurtam-se as horas.
O restante é sempre
menor que o outrora.

Se o tempo não passa,
a estrada ainda é curta,
os mortos poucos,
a cerveja farta.

Nem delicadeza ou cortesia
indigna autor ou autoria:

não gera sorriso,
não faz nascer
poesia que preste
ou verso de morte.

Vou é falar sem sentido,
vou é beber sem motivo,
viver os tropeços sozinho,
rachar a conta comigo.

Deixo a raiva
cair no papel
pra acordar amanhã
sem ressaca.
Deixo o grito
virar prosa
pra depois
não sentir o aperto.
Faço da Rosa
o destino,
pra não ficar sem rumo.
Faço da solidão
uma linha,
pra não encher um caderno.

Volta em meia hora
e retomo o barulho de ontem,
recebo o bagulho de outra
e repenso a saudade de fora.