quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Órbita

 À paz do cosmos

gira gravidade

 

Ao silêncio da poeira

irradiada

presto uma reverência

 

Vibram esferas

dentro de uma noite

interminável

 

Se deixar

não faço mais nada

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

círculo

 Todo cigarro é o último

Até comprar mais um

 

Drago do fundo

Soprpo remorso

Reviro estômago

Exponho os bofe

 

Mas vem a raiva

                 A falta

Tristeza e saudade

Que sufoca a boca

Embaça a vista

Que nem fumaça

Põe as cigarras

Em pranto

 

Uma lambança

Chuva, lama, furacão

E cai o relâmpago:

Clarão e estala o chicote

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Sujeito & Predicado

afia a foice
a fina linha

entre tênue e saudável.

Afim de um coice
assim do nada
um fim de merda
     e pronto

finda linha
fia a meda
inteira. Alinha
rosto, tronco
e membros. Afina
boca, ouvido
         e canto.

A fina linha
entre morte
e motorista
motivo e motim
Ricardo e Larissa

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

paradoxo temporal

Seis e meia da manhã e falta quinze minutos pra sair. Vou à pé, demoro quatorze minutos pra chegar e chego um minuto adiantado. É assim.

Seis e quarenta dá aquela vontade de ir ao banheiro. Tenho cinco minutos pra cagar.

Demorei seis, fiz o trajeto em onze, cheguei dez minutos atrasado.

quinta-feira, 1 de julho de 2021

 O que mais dói é eu tá inteiro.

Queria estar partido, esmigalhado, fragmentado - mas não, tô inteiro. Completo apesar da falta (DAS faltas), caminhando em linha reta rumo a um amanhecer final. Que pode ser amanhã, daqui a cem anos, oito dias ou nove meses - mas é mais provável que demore a acontecer. Porque cada passo dói, mas acontece, cada expiro leva a uma nova inspiração e assim por diante feito roda gigante que gira e gira mas sempre retorna ao ponto - é partida ou recomeço?

Quando não sei o que fazer você não está lá - sou só eu mesmo à luz da minha consciência. Que quando paro, perdido, não estou só mas tem alguém comigo que sou eu mesmo. E tu. Porque um ano ou dez ou mais não apaga a trilha bem percorrida nem a memória esmaece o que importa - que foi a gente. É a gente, sentado ali naquela beira de precipício que por fim se mostra ser só mais uma borda enevoada, mas que tem saída. Não sei é de mais nada mas continuo contra vontade própria a acordar todo dia de manhã. Tem volta, mas demora - é um alinhamento entre muitos e a gente vai se esbarrando a cada encruzilhada que importa.

Continuo a sonhar com a sua volta mas tem passagem que não aceita a mão dupla. É melhor assim. Vou guardar o "se" pra quando for a hora, quando der a volta e a gente se esbarrar mais uma vez. Sinto sua falta (pronto, falei) e não creio que vá deixar de sentir até um novo amanhecer. Não me espera, segue a forma que for, que o carrossel gira e volta - naturalmente. Guardo a sua falta.

Se for pra ser épico, que seja. Nos surpreenda - o que quer que venha. Se for pra ser vil que seja, mas deixa a seta cruzar o ar pelo caminho que seja melhor. Já ia falar de cerveja - mas você não bebe então deixo que seja como quiser. A gente se encontra na curva, na borda mais próxima, no tempo que vier. Não espera e segue - que eu sigo daqui. Não dá pra reverter o fluxo do rio sem perder o fio da meada.

Segue que eu sigo e mais tarde a nossa órbita se encontra.

quarta-feira, 21 de abril de 2021

tem dia

momento

hora

ocasião

que o peido é poderoso

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Ser Conjugado

Eu só
tu soma
nós soul

eu somo
tu soa
nós som

nus, somamos
tu samba
eu, sombra

teu solo
meu planta
nosso sonha