sexta-feira, 25 de abril de 2014

Rua do Centro

Não foi sem medo
nem acidente
que nossa trilha
escasseou.
Foi por não dizer
o que penso.

Respiro aliviado:
a culpa é sua.
Por não ser minha.
Por eu ser eu.
Pelo céu.

Mas o piso ainda é firme.
O chão é o mesmo.
A promessa  é livre.

É mais ano que passa
que coisas que faço.
É mais tempo que foge
que dias que escapo.
É mais saudade que sinto
que vontade de abraço.

É o chumaço de contas.
Uma casa que desmonta.

Numa nuvem de chuva
talvez me descubra:
sou outros homens.

Eu sou a ruela no porto.
O beco sombrio.
Puteiro barato.

O cigarro que não apaga.