terça-feira, 21 de agosto de 2012

Poesia de Merda (Para Ela)

Tenho um verso pronto.
O resto que sai é bosta.

Talvez
eu deva fazer
odes à merda
que dá rimas
menos doídas
que as dela.

Se pudesse, assim faria.
Escrevia à merda.
Madava à merda..
Me afogava em escremento.

Por me fazer de jumento
eu te culpo.
Não pelo copo quebrado,
nem pelo cinema maiado,
ou pelas palavras perdidas,
ou cigarros comprados.

Quando morrer
vou pedir a São Pedro
para voltar como pombo
só pra cagar em você.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Garrafas Vazias


De todos os abandonos,
O mais suave foi aquele beijo.

De tudo que deixei pra trás
o mais fácil foi aquela guimba
com a brasa ainda acesa.

De todas as suas palavras,
as que esqueci foram as minhas:
escritas em papel pardo
que você nunca quis ler.

Uma gaita toca, só,
aquela música velha
que eu cansei de ouvir.
Sem mudar uma linha,
Sem mexer um dia

Sem querer se foi
pra bem perto
sem querer se vai
pela mesma sina.

Se não sei tocar, te faço poesia.
Se não sei rimar, invento uma cena boa.
Se não sei perder, vou embora pra outro lado.

Só levo comigo o seu suspiro.
Deixo o sol daquele encontro.
Deixo o tempo correr, se for.
Deixo o chapéu pendurado,
as calças passadas:

Se tiver que esperar, espero.
Faço companhia pras garrafas vazias,
pras estantes cheias,
pros dias a meio,
pras horas inteiras.

Vi o sol nascer da calçada,
fugindo da ressaca de outra noite sem ti
e soube que seria assim agora.
Não precisa mais trazer o meu barbeador,
se você lembrar.
Não precisa reler os nossos destinos
se a curva torta me trás de volta.
Não preciso ir embora, se não quiser.
 
Aquela guimba,
Eu voltei pra buscar.