quinta-feira, 1 de julho de 2021

 O que mais dói é eu tá inteiro.

Queria estar partido, esmigalhado, fragmentado - mas não, tô inteiro. Completo apesar da falta (DAS faltas), caminhando em linha reta rumo a um amanhecer final. Que pode ser amanhã, daqui a cem anos, oito dias ou nove meses - mas é mais provável que demore a acontecer. Porque cada passo dói, mas acontece, cada expiro leva a uma nova inspiração e assim por diante feito roda gigante que gira e gira mas sempre retorna ao ponto - é partida ou recomeço?

Quando não sei o que fazer você não está lá - sou só eu mesmo à luz da minha consciência. Que quando paro, perdido, não estou só mas tem alguém comigo que sou eu mesmo. E tu. Porque um ano ou dez ou mais não apaga a trilha bem percorrida nem a memória esmaece o que importa - que foi a gente. É a gente, sentado ali naquela beira de precipício que por fim se mostra ser só mais uma borda enevoada, mas que tem saída. Não sei é de mais nada mas continuo contra vontade própria a acordar todo dia de manhã. Tem volta, mas demora - é um alinhamento entre muitos e a gente vai se esbarrando a cada encruzilhada que importa.

Continuo a sonhar com a sua volta mas tem passagem que não aceita a mão dupla. É melhor assim. Vou guardar o "se" pra quando for a hora, quando der a volta e a gente se esbarrar mais uma vez. Sinto sua falta (pronto, falei) e não creio que vá deixar de sentir até um novo amanhecer. Não me espera, segue a forma que for, que o carrossel gira e volta - naturalmente. Guardo a sua falta.

Se for pra ser épico, que seja. Nos surpreenda - o que quer que venha. Se for pra ser vil que seja, mas deixa a seta cruzar o ar pelo caminho que seja melhor. Já ia falar de cerveja - mas você não bebe então deixo que seja como quiser. A gente se encontra na curva, na borda mais próxima, no tempo que vier. Não espera e segue - que eu sigo daqui. Não dá pra reverter o fluxo do rio sem perder o fio da meada.

Segue que eu sigo e mais tarde a nossa órbita se encontra.