Guarda a chuva pra mais tarde
e fecha o coração.
Agüenta a tempestade
e não sai da rua.
Onde o vento faz a curva,
não perca os sapatos.
Onde o mundo desafunda
não importam os calos.
Guarda a chuva
e molha os problemas mais tarde.
Segura a onda
e espera uma maior chegar.
Deixa o pior
e aproveita o som do trovão:
não é todo dia que o mundo desaba.
Deságua as dores no rio
e desinfeta os maus amores.
Abriga as mágoas no peito
e resolve tudo numa briga de bar.
Gargalha o afeto desfeito
e vomita o exagero no mar.
Desaba uma conta na mesa e paga com as dívidas do amor.
Deixa a ressaca sair
e curte o domingo de dor.