Acordou um dia e a saudade não era mais suficiente pra matar a falta. Cansara daquilo tudo, da distância, do afeto digitado, do gozo sem abraço, do gosto de estrada. Não se arrependeu. Suspirou, incomodada com a cama ocupada, e foi passar o café. Acendeu um cigarro e esperou na cozinha. Nem a companhia da fumaça, nem o som da luz na janela de vidro; nada. Não queria mais.
Quando ele se revirou na cama (agora vazia) desconfiou que tinha tudo passado. Sentiu medo da mágoa que viria e fingiu dormir. Quis tornar pedra o coração, mas era carne de caráter fraco. Respirava pesado quando ela guardou as roupas na mala, tirou a escova de dentes do banheiro e ajeitou os cabelos de qualquer jeito.
Ele sentiu vontade de fugir do inevitável: da despedida que precede a separação. Ela queria saltar o tumulto do adeus. Escreveu um bilhete curto. Ela sabia que ele fingia dormir e ele sabia que ela sabia, mas continuaram a fingir. No final, será que também não tinham fingido que se amavam? Sem um teclado o diálogo era curto. Sem a tela a imagem era turva. Sem a espera da resposta a conversa era burra. Sem o mundo entre eles o desejo era parco.
Chorou quieto, afinal, a expectativa perdida. Abriu as janelas pra deixar o cheiro sair (de cigarro e shampoo de anis). Bebeu o café sem açúcar e jogou fora o bilhete sem ler.
terça-feira, 26 de julho de 2011
Assinar:
Postagens (Atom)