Vi uma menina uma vez. Talvez fosse bonita, mas não me lembro mesmo de como era o rosto dela. De qualquer forma, não foi o que me chamou a atenção. Era a forma como ela apoiava o pé direito no banco da frente do ônibus às duas da manhã.
Passei meses tentando escrever um texto sobre aquela cena, sobre os sons que eu ouvi no fundo do ônibus, sobre o breu no lado de fora, as ruas calçadas com pedra de Belo Horizonte, a embriaguez dos passageiros, o silêncio que eu imaginei quebrar (mas nunca quebraria, nunca me dirigiria a ela assim, nunca a exporia a mim). Mas não consegui nenhuma linha que preste.
sábado, 19 de janeiro de 2013
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