Quando ele se despediu, ela chorou. Ficou triste, não quis mudar. Queria que as coisas continuassem como sempre tinham sido, a mesma distância (próxima), o mesmo beijo (de língua), o mesmo cigarro (mentolado). Ele ouviu o ecoar de profecias antigas: "mulheres chorarão por você" e seguiu, sabendo que cumpria seu destino.
O ano passou e o carnaval matou todas as vontades, deu espaço pra todas as maldades e maldizências, alimentou todas as verdades, com todas as máscaras. (Porque carnaval é tempo de vontades, maldades e maledicências, de verdades mascaradas). A distância era parca, os beijos eram soltos e o cigarro era doce, mentolado.
Ela seguiu em frente, abriu espaço na vida, fez a própria folia e cantou na sua festa. Tinha o mesmo nariz alongado, as mesmas covas de felicidade nas bochechas, o mesmo castanho nos olhos. Mas o brilho era outro: de tempo que passou, de noites sem estrelas, de dias sem bandeira, de porres, estrada encarquilhada e bem seguida. Tinha um brilho seu. E ele viu que seus carnavais já não eram os dela, que o seu beijo tinha gosto de outra. Ela não fumava. Soube, então, que a vida tinha lhe feito bem, que ela tinha seu lugar sem ele.
Não chorou (mas devia, como devia) a falta de falta que tinha feito. Seus carnavais ainda eram os dela.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
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