segunda-feira, 6 de julho de 2015

Capuz de Bandido

Agarrava minha mão com força,
beijava de mordida armada,
não perguntava se era amada.
Desmontava a minha cerca.

Jogava póquer se apostando.
Trancava a porta e sumia,
se jogava da janela quando
enjoada do som da boemia.

Não penteava os cabelos,
esquecia pra trás os chinelos,
e me matava de desespero
com seu amor efêmero.

Eu, que sou dos meus silêncios,
que nunca saí do lugar, reverencio
esse espírito de fogo livre
saído d'um sonho que tive.

Agora me esquece, indolente,
como se eu fosse carnaval.
Sai em busca do vendaval
deixando a mesa, inadimplente.

Agora me leva, temerária
à borda do despenhadeiro:
me ameaça, usurária,
por ti viro bandoleiro.

Assaltar as estradas cruas,
dedos soltos, mãos nuas
pra resgatar pedaço mofado:
esse meu peito inchado.

Feito cadáver no deserto
devoro vermes de areia
só pra te converter a atéia:
me expulsa de peito aberto



Um comentário:

  1. Até que você leva jeito, rapaz! ;P

    Bêjo.


    Não preciso falar quem sou. Fique na dúvida. Ou não. Hahahahaha!

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