No raio de sol, a viagem é mais limpa.
Não tem a sujeira do armário velho,
poeira sobre a casca do escaravelho,
ou a cozinha manchada de tinta.
Sem os fantasmas, o assombro é outro:
no vermelho do horizonte distante
alcançado para além do sextante
onde montanhas a beijar o Poente.
Não é da boca que sai a paixão:
calada a caneta, rabisca perene.
Assume o papel de língua esperta
esgrime contra o peito deserto.
Te quero desperta.
Pra ouvir o som mudo da chuva,
se vestir de trovão na manta,
soprar terremotos no ventre.
Nem que seja pra não sentir frio,
mesmo que passe pela rodovia em curva,
apesar dos desvios em nossos destinos.
Escrevo cartas silenciosas
carregadas por pipas ao vento.
Meu relógio parou faz uma hora
e não sei se você volta.
É como o passar das estações
quando o inverno aguda o verão.
segunda-feira, 13 de julho de 2015
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