quinta-feira, 7 de abril de 2011

Maço Vazio

no cinza da manhã
queimo o sono
e espalho as cinzas
                         
deixo a memória no ponto
e de ônibus não me deixo sentar
assentar poeira de cigarro:
acendo outro.
E se o resto do mundo seguiu
em frente, eu me esqueci aqui

naquele dia

em que eu gritei
e você se

foi o pior.

Se depois a marugada não passa
a culpa é sua
da insônia

da sobriedade
que eu me arrependo.

da falta que me faz

do whiskey
da companhia

dos lobos
varridos pra fora de casa

daqueles uivos
dois
o meu e o seu,
lembra?

E se rio
é de amargor

e do seu choro

reviro o lixo
e dou aos cães
que são

meus sentimentos
                            nada
vazios.

          Por ti

alimento-me

de ti, a lembrança
de mim, a sentença

ao meu querer:
um verso reto,
     chato
e mal feito

mas não disfarço.