Não há lobo em mim.
Um vira-latas de pêlos cor-de-cinzas,
mal barbeado, algumas cicatrizes.
Finge que é grande, finge que é dor.
Me morde o braço pensando que é pata.
Remói a memória dos uivos passados
como um roer incessante de ossos magros.
É a única inspiração.
Já não grita a madrugada: se vira.
Já não canta a boemia: amarga.
Regurgita o dizer indigesto
pra canibalizar, em seguida, o resto.
Teme a lua acima de todas as coisas.
Mostra os dentes, cospe e rosna.
Não ladra nem morde.
Mágoa ou amor, não importa:
é medíocre o que sente. Sinto.
A pequenez dos nossos medos
que mostra os segredos.
De nós. De mim. De ti.
De dois e de dó,
ou qualquer outra nota
que faça, só.
Aguarda o rancor
e resguarda o sabor
da noite passada.
Alinha os dentes,
afia as garras.
Ao reler o passado,
retoma a estrada.
Mas continua cão com sarnas.
Vesti a pele do cão... senti! E como queimam estas malditas sarnas...
ResponderExcluirAmei!
beijocas/phoenix